Arquivo para novembro \16\+00:00 2011

Uma formiguinha.

Carregando um montão de coisas em direção ao ponto de ônibus, vejo três ônibus iguais passando. Perdi, três de uma vez. Mas acabo de sair da yoga e estou muito tranquila. Somente uma indignação mental e tudo bem, vou pra fila.

Na minha frente, duas pessoas juntas. Uma senhora e uma moça.
O onibus delas vem, para muito longe por pura sacanagem do motorista, mas elas nem uma indignação mental tiveram. Não correram, resolveram esperar pelo próximo. E a moça sai correndo para cumprimentar um menino que está fechando uma loja em frente, gritando “amigoooo!”. Depois de um tempinho, vem o menino e dá um chocolate pra moça. Ela se enche toda e admira o chocolate, “que delicia”.

Eu sorrio, ela olha pra mim, e depois diz à senhora: mas veja só que lindas estão as pessoas. Em dois minutos, me colocam nos ares. “Olha esse cabelo, que lindos cachos você tem, muito bonita você, e esse sotaque, de onde você vem? Mas que beleza, que alegria que você esteja tão feliz aqui”.
Sorrisos e sorrisos, quero abraçar as duas por tanta gentileza.

O menino da lojinha se vai de vez e cumprimenta a moça outra vez. Ela, de longe, comenta: “que lindo, ele. Olha esse cabelo”.

Meu ônibus vem, o delas não. Me abraçam e desejam muita, muita, sorte.
Vou embora arrepiada. E a verdade por trás de tudo isso é:

Numa terça-feira a noite, cruzei com uma dessas pessoas que nos dão vontade de ser alguém melhor.
Quis ser, pelo menos um pouquinho, como ela.
Uma moça pequenininha, gordinha, cabelinho liso e curto, com síndrome de down. Junto com a mãe, que traz escrito na testa “aprendi a ser mais feliz”.


O que tem aqui

Diálogos, monólogos, conversas, crônicas, histórias malucas e talvez, quem sabe, até reais, de uma cabeça bem esquisita.